MACHADICES
Filósofo, filosofia, filosofar, como e por que tratar questões sob o olhar filosófico?
Para muitos, a resposta a essa e outras muitas indagações sobre o tema vem a partir da frase de
Immanuel Kant “Não se ensina filosofia, ensina-se a filosofar” e eu também compartilho da
ideia por que a filosofia como conhecimento acadêmico se estende por uma vastidão de
personagens, pensadores e centenas de conceitos, muitos deles de difícil compreensão, visto que
a grande maioria dos autores se utilizam de uma simbologia carregada de hermetismos.
O que me instigou a ler filosofia e a ter um olhar filosófico sobre a minha própria vida e tudo
mais o que acontece e que consigo perceber foi um conceito de Nietzsche: “Espírito Livre” foi
numa conversa há alguns anos atrás que ouvi o termo e me dei conta que tinha, até então um
conceito bastante reduzido e limitado a respeito, pesquisei então e encontrei a citação no livro
Humano, Demasiado Humano e diz:
“É chamado de espírito livre aquele que pensa de modo diverso do que se esperaria com base em
sua procedência, seu meio, sua posição e função, ou com base nas opiniões que predominam em seu
tempo. Ele é a exceção, os espíritos cativos são a regra: estes lhe objetam que seus princípios livres
têm origem na ânsia de ser notado ou até mesmo levam à inferência de atos livres, isto é,
inconciliáveis com a moral cativa”
Diante da frase comecei a questionar antes e principalmente a mim mesmo, nas tantas
informações que propagava, sem ter questionado ou me preocupado em avaliar se este ou aquele
ou ainda pior se todos os conceitos que eu trazia em mim, eram conceitos “emprestados” de
alguém que me ensinou ou que simplesmente eu os tinha como verdadeiros e principalmente
cristalizados em mim.
Desta forma percebi que precisava sobretudo conhecer a mim mesmo, esmiuçar, buscar as
origens de minha maneira de entender o mundo, as coisas todas e as pessoas.
Autoconhecimento essa é a palavra que norteou e ainda norteia a minha conduta frente ás
coisas, quantos preconceitos estavam arraigados em mim e mais, quantos conceitos eram
produto da minha aceitação de valores que eu apenas reproduzia por conta de uma educação
recebida e não questionada, usos e costumes e nada ou pouco além disso.
Filosofar é uma ação isolada é um olhar diferenciado, é subverter uma afirmação e é sobretudo a
certeza de que os valores mudam em função da vivência que temos ao permear seu significado.
Filosofar é um processo contínuo e empático, há que se estar pronto e receptivo a visões de vida
a diferenças culturais que abrangem uma série imensa de possibilidades de compreensão da
vida, as diferenças que enriquecem e mais rico é aquele que se permite ser abarcado por essas
diferentes visões.
O exercício contínuo é procurar entender por que fulano ou fulana pensa de maneira tão
diferente de mim e sentir sobre isso não a natural aversão, que é humana porém apenas reativa,
o que o filosofar faz é convidar a rever seus conceitos a partir de um confronto e muitas vezes
de uma contradição, não por acaso evoluímos de contradição em contradição.
Outra questão que me levou primeiramente a Nietzsche foi a alcunha de “filósofo do martelo” e
por que “do martelo”? justamente por que ele ao contrário de outros tantos que desenvolviam
sua visão a partir da visão de uma filosofia anterior de convicções e verdades absolutas.
Nisso, me lembrei que lá na minha adolescência eu já pensava que a gente envelhecia
justamente quando passava a dizer “essa é minha maneira de pensar e não mudo” ou seja em
outras palavras: verdades absolutas. Sou, ou melhor, me considero um autodidata das ciências sociais, não o faço de uma maneira
linear ou acadêmica, num futuro próximo pretendo sim me dedicar de maneira mais sistemática
ao estudo da filosofia e demais ciências humanas.
Espero ter apresentado aqui de maneira simplificada e acessível, os motivos que me atraíram
para a filosofia, pelo olhar filosófico ou ainda melhor pelo filosofar.
Antônio Carlos Machado
Somos seres em constante evolução, porém a essência do ser está nos é uma constante...
ResponderExcluirÉ verdade, obrigada pela visita
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