As cartas dos viajantes são documentos importantíssimos para a compreensão do início da colonização portuguesa no Brasil. Segundo Sheila Moura Hue em seu livro Primeiras Cartas do Brasil (1551-1555), elas são relatos sobre o primeiro momento da chegada dos colonizadores em nosso território e constituirão o objeto desse projeto.
Devem ser analisadas a partir dos aspectos retratados em seu conteúdo, como natureza, cotidiano, trabalho e cultura no Brasil do início do século XVI. A partir da análise desses elementos serão discutidas as visões que os viajantes foram construindo dos índios e do “novo mundo”, e as intenções camufladas nessas construções. Carlos Fausto também em sua obra comunga dos mesmos pensamentos e ideias no livro Os índios antes do Brasil. Em contato com essas fontes, vai compreender como se deu essa construção, participando do processo de produção do conhecimento e se sentindo motivado a progressivamente construir a sua própria versão com criticidade.
Os colonizadores portugueses e espanhóis vieram para as terras americanas financiados por reis católicos. Esses colonizadores entraram em contato com os índios e ficaram perplexos: eram povos de costumes radicalmente diferentes dos europeus, com sua própria cultura. Como resultado desse contato vai surgir o preconceito e a revolta dos colonizadores para com os índios.
Todavia, segundo o antropólogo Carlos Fausto não se pode generalizar, um único julgamento que os europeus fizeram dos índios. Os espanhóis queriam construir um império no novo continente, o que implicou uma estratégia de destruição desses povos da região depois conhecida como América hispânica. Os franceses e holandeses, também participaram, mesmo que em menor proporção, do processo de colonização. Entretanto, cabe aos portugueses o maior destaque na colonização do nosso território.
Eles chegaram às terras do “novo mundo” com o objetivo de acumular riquezas a partir da exploração dos recursos naturais. O contato com os povos nativos aconteceu, primeiramente, com a extração do pau-brasil e na produção do açúcar na segunda metade do século XVI. Esse contato vai causar guerras e conflitos na disputa pelo território.
Carta ao rei D. Manuel, comunicando o descobrimento da Ilha de Vera Cruz
As narrativas sobre esse “novo mundo” foram se multiplicando com esses contatos, na visão da Sheila Moura Hue, doutora em Literatura Portuguesa, os relatos dos viajantes vão descrever os costumes dos ameríndios, o processo de catequização, o cotidiano na colônia, aspectos da fauna e da flora, da cultura e trabalho no Brasil do século XVI.
O primeiro a narrar a história primitiva do país foi Pero Vaz de Caminha, em carta que enviou a D. Manoel I, Rei de Portugal, quando encontrou a Terra de Santa Cruz.
Publicação autorizada.
Alessandro Lopes Silva, natural de Teresópolis/RJ. Graduado em História pela Universidade Norte do Paraná, é membro da Academia de Letras do Brasil-Teresópolis. Autor de vários artigos é do livro "Contos do interior lendas do Brasil". Colunista da REVISTA DE HISTÓRIA AMNÉSIA há sete anos já participou de várias antologias entre elas coletânea 50 vozes do Brasil 1,2,3.
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