Ludomania, as eleições no Brasil nosso de cada dia
No último dia vinte e oito deste mês de junho, completei mais um ano de vida, mais uma translação...É natural que em momentos assim façamos diversas reflexões, estatisticamente me falta cumprir mais um terço ou talvez o último quarto da vida e isso contribui com um clima que faz pensar sobre tudo que ainda pode existir.
Naquilo que somos mais férteis, criar expectativas, eu também tinha e tenho um bom punhado delas, mas vou me ater aquelas que são comuns aos meus contemporâneos, vivi boa parte da última ditadura militar sem consciência dos efeitos que ela produziu na vida política do país, com 30 anos participei da primeira eleição direta para presidente da república, de lá para cá não tivemos a consolidação de uma tradição partidária com uma ideologia definida, capaz de agregar, arrebanhar jovens ou adultos de uma maneira a que não precisássemos de “salvadores da pátria”.
O Brasil continua sedento de heróis e líderes carismáticos, por quê?
Naturalmente por que nossa educação não é prioridade para os governos, por nossa vocação paternalista que acha que “alguém” é responsável por nós, por que é muito mais fácil e cômodo esperar que “alguém” brilhante se incumba de nos representar sendo “brasileiro com muito orgulho e muito amor” e muitas outras explicações são possíveis, não sou capaz de enumerar tantas assim.
Há algo, no entanto que pode explicar a muitas questões que se envolvem e se interligam e determinam nossas vidas: A Política
Quando falo ou mesmo penso sobre a política brasileira, a impressão que eu tenho é que entramos num círculo vicioso, não gostamos e não praticamos política por causa dos maus políticos e os maus políticos se revezam e se perpetuam porque não gostamos e não praticamos política.
À par da qualificação dos atos e da postura do atual presidente o que vale muito a pena discutir é: Quem o elegeu? O que de fato desconhecíamos do perfil deste senhor que esteve por décadas atuando na vida pública?
Não é difícil perceber que muitos dos eleitores encaram a eleição como uma escolha de sabor da pizza ou um páreo de turfe, onde se aposta naquele cavalo e naquele jóquei porque ambos têm maior chance de ganhar, só que numa eleição apostamos nosso futuro, nossa imagem e agora por conta da pandemia, apostamos nossas vidas.
A eleição de Jair Messias Bolsonaro foi para muitos não uma escolha por um candidato que parecia ter um perfil adequado, um plano de governo bem elaborado e convincente, foi uma negação a continuidade da gestão do Partido dos Trabalhadores.
Apostando ou fazendo escolhas por falta de opção ou na verdade por não reconhecer opções, acabamos por cometer uma grande e irresponsável negligência.
Talvez o luto deste mais de meio milhão de pessoas e de um número inestimável de sequelas nos ajude a repensar nossa postura como cidadãos responsáveis, não por um país que gostamos de exibir como um cartão postal, mas sim por nós mesmos e por nossas famílias.
Antônio Carlos Machado
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