domingo, 1 de maio de 2022

PROJETO FUNDO DO BAÚ



SAUDADE

Há cinquenta anos, brincávamos de boneca, de bola de gude, carrinho de madeira, plástico ou rolimã. O grande barato era ver tv preto e branco, acompanhar as novelas com as mães, ou durante o dia quando os pais autorizam víamos Nacional Kid, Ultraman, e uma variedade de desenhos inocentes. Adorava o Pernalonga, o Super Mouse.
Em casa vi pela tv a chegada do homem a lua, na tv Telefunkem comprada por meu pai na loja Sears. Ficava feliz em ganhar uma conga seja da cor que fosse, e calças Rancheira.
No final do ano tinha a festa da Fábrica Pirelli, onde meu pai trabalhou por vários anos. Lembro que quando completei onze anos, na festa de Natal fomos a um estádio em que havia um ringue de patinação no gelo. Fiquei totalmente encantada em ver um conto de fadas com príncipe e princesa voando sobre o gelo.
Após a apresentação tinha a festa, muita comida e bebida, e distribuição de brinquedos para filhos dos funcionários. Era uma alegria sem fim, recebíamos bonecas, carrinhos para os meninos, e quando estavam inspirados nos davam uma sacolinha recheadas de doces.
No ano seguinte vi que as meninas de 12 anos haviam recebido uma boneca
Amiguinha, ela dava alguns passos se seguramos as mãozinhas. Fiquei o ano todo esperando completar os doze anos, eu queria uma Amiguinha.
Fomos a festa desta vez com espetáculo circense. Não gostei muito sempre tive medo de palhaços. Depois a comilança me deixou menos infeliz, mas quando começaram a distribuir os presentes, pedi a meu pai para ficar bem no começo da fila. E o meu primeiro desgosto aconteceu, ganhei uma caixinha pequena e um pacote de doces. Abri a maior choradeira, agora as meninas moças e os meninões, ganhavam um relógio de pulso. E no ano seguinte, não éramos mais crianças

Ivete Rosa de Souza

Nascida em 1955 em Santo André, adoro ler e escrever, sou apaixonada por poesia, contos e  crônicas.

@iveterosades (Instagram)

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