quarta-feira, 1 de junho de 2022

JAQUELINE CARDOSO DE CARVALHO


LUTO
Feche os olhos
Imagine a cena
Se você fosse o pai ou a mãe
De uma pequena
 
12 anos é a idade
Mais linda do mundo
Quem é ser humano sabe
O quanto isso é profundo

Imagine essa menina
Arrastada de sua casa
E por vários homens
Ser estuprada
 
Meu Deus que agonia
Nem dá para aceitar
Quanta covardia
Aconteceu naquele lugar

Era para ser assunto nas telas
Polícia de todas as patentes
Caçando os bestas feras
Que mataram essa inocente
Mas infelizmente
Todo esse infame
Aconteceu longe

Numa Aldeia Ianomami
Um espera o outro investigar
Prefeito para o governo
Governo para presidente
Enquanto isso chora uma Nação inocente
 
Que só queriam paz naquele lugar
Mas viu aos poucos os garimpeiros tomarem o seu lar
Desmatando a floresta e matando a vida
Como eles fazem para achar comida?

Um povo acompanhado
Por malária e desnutrição
Completamente abandonado
Pelo resto da Nação
 
A Tupã nos resta implorar
Que console aquela Nação
Que a justiça aconteça naquele lugar
Dessa ninguém escapa não.

JAQUELINE CARDOSO DE CARVALHO (HAYWÃ)


Dedicatória
Quero agradecer a um mundo de gente
Pai, Marido, filha, amigos e parentes.
A todos que em mim acreditaram
Aos encantados da família que me inspiraram
Em especial ao Mestre Pelé, meu Supervisor Junior
E meu primo Som Pataxó
Que me inspirou ao dizer... Índio que é índio
Nunca anda só
E a você...
Que vai ler meus versos
Com olhos, alma e coração...

É tudo o que peço.



Nasci na cidade de Ribeirão Pires em 1971 e após a morte da minha mãe quando eu tinha 8 anos fomos morar na Bahia, vivemos próximos a Fazenda Jaqueira onde morava minha avó e toda a família do meu pai.

Em 1997 quando o índio Galdino Jesus dos Santos foi assassinado em Brasília queimado num ponto de ônibus, por um grupo de garotos de classe média alta causando comoção nacional, toda a família se reencontrou novamente. Na família não se falava sobre “índios” e não gostavam da associação ao nome, devido a terem sido expulsos das terras por fazendeiros e temerem sofrer represálias.
O nosso povo Pataxó hãhãhãe, é formados por uma mistura de povos indígenas de 6 etnias indígenas ocupando 54 mil hectares de terras indígenas em municípios diferentes como, Pau Brasil, Itaju do Colônia e Camacan. Somos em 1600 famílias cerca de 4500 pessoas entre jovens adultos crianças e anciões.  
Aqui na cidade de Ribeirão Pires cursei a faculdade de Estudos sociais, Geografia e Pedagogia,me casei e tenho uma filha de 13 anos, em 2021 fui eleita para fazer parte da Promoção da Igualdade Racial representando os indígenas dessa cidade onde temos cerca de 60 pessoas da família PataxóHãHãHãe da etiniaKaririSapuyá e nossa luta é pelo reconhecimento das autoridades ao nosso povo.





FOTOS: ARQUIVO PESSOAL
PUBLICAÇÃO AUTORIZADA

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